Uma das experiências mais desejadas por quem visita a Tailândia é estar perto de elefantes, um animal sagrado e símbolo nacional do país. Mas o que nem todo mundo sabe é que muitas atividades oferecidas aos turistas, como dar banho ou andar nos elefantes, escondem maus-tratos e longos anos de exploração.
Neste post, queremos te mostrar como fazer turismo responsável e por que é tão importante escolher santuários realmente éticos, onde os elefantes são respeitados e cuidados.
O problema dos “falsos santuários”
Muitos lugares na Tailândia se apresentam como “santuários” ou “resgates”, mas continuam explorando os elefantes com atividades como:
- Passeios nas costas dos elefantes
- Banhos forçados com turistas
- Shows e truques em troca de comida
Esses elefantes geralmente passaram pelo processo cruel de phajaan (“quebra do espírito”), uma técnica tradicional que usa punições físicas e privação para torná-los obedientes. Mesmo que o lugar diga que os resgatou, se ainda oferece esse tipo de interação, está perpetuando a exploração.
Muita gente ainda acredita que, por serem grandes e fortes, os elefantes podem carregar pessoas com facilidade. Mas o que poucos sabem é que isso causa danos físicos e psicológicos sérios aos animais.
Por que elefantes não devem carregar pessoas?
Problemas na coluna e nas articulações
A coluna do elefante não foi feita para carregar peso nas costas. O uso contínuo de cadeiras (chamadas de howdahs) e o peso dos turistas causam:
- Lesões na coluna e nas articulações
- Dores crônicas e desgaste ósseo
- Problemas de locomoção com o passar dos anos
Trauma psicológico
Antes de aceitarem esse tipo de interação, os elefantes passam por um processo extremamente cruel chamado phajaan, que literalmente significa “quebra do espírito”. Nesse processo, eles são submetidos a violência física, isolamento e privação de sono, comida e liberdade. Como resultado, esse trauma psicológico deixa marcas profundas que afetam o comportamento e o bem-estar dos elefantes por toda a vida.
Cativeiro e exploração contínua
Elefantes usados para passeio:
- Ficam acorrentados por horas
- Têm liberdade de movimento restrita
- Trabalham sob sol forte, com pouca comida e água
- São privados da convivência com outros elefantes
Tudo isso faz parte de um ciclo de exploração mantido pelo turismo. Por mais “bonito” ou “tradicional” que pareça, o passeio de elefante representa sofrimento, e por isso deve ser evitado.
Um santuário ético nunca oferece passeio, banho ou truques com os elefantes. O foco é respeitar o tempo e o espaço deles.
O que é um santuário ético de verdade?
Em contrapartida aos locais exploratórios, um santuário ético não permite nenhum tipo de interação forçada com os animais. Na prática, os verdadeiros santuários são espaços de recuperação e bem-estar, onde os elefantes podem:
- Viver em liberdade, em grupos sociais
- Seguir sua rotina natural, sem interferência humana
- Receber cuidados veterinários e alimentação adequada
- Ser observados à distância, sem contato direto
Turistas podem visitar sim, mas o foco está na educação e conscientização, e não no entretenimento.
Qual santuário escolhemos
Depois de muita pesquisa, decidimos visitar o Elephant Nature Park, que fica a cerca de 1h30 de Chiang Mai, e a reserva já incluiu transfer do seu hotel. O local é amplamente conhecido por sua abordagem ética e transparente. Além disso, ele está na lista oficial de santuários amigos dos elefantes, publicada pela respeitada organização World Animal Protection.
Você pode ver a lista completa neste link (em inglês):
Elephant-friendly tourist venues in Thailand – World Animal Protection
O Elephant Nature Park abriga elefantes resgatados de diversas situações de abuso, como circos, turismo exploratório e trabalho forçado. Ao contrário de muitos lugares turísticos, a interação com os animais por lá é mínima e sempre feita com respeito.
Durante a visita, você caminha pelo santuário, observa os elefantes vivendo livres em seu próprio ritmo, aprende sobre suas histórias e, o mais importante, contribui com a manutenção e continuidade do projeto.
Sem dúvida, foi uma das experiências mais emocionantes da nossa viagem. Ver um elefante apenas sendo elefante, em paz e sem correntes, foi transformador. Por isso, reforçamos ainda mais nossa vontade de compartilhar essa mensagem e incentivar o turismo responsável.
O passeio inclui, além do transfer e da visita ao santuário, um almoço vegetariano completo. A refeição é servida no local e estava deliciosa!
Você pode fazer a reserva do passeio diretamente pelo site oficial do Elephant Nature Park. No nosso caso, o site estava com um problema no momento da reserva, então entramos em contato por e-mail e, em seguida, eles nos enviaram um link para o pagamento por lá.
Como identificar santuários éticos na Tailândia
Antes de visitar qualquer lugar com elefantes, siga estas dicas:
- Pesquise o nome do local: veja reviews e se há denúncias de maus-tratos
- Desconfie de atividades “instagramáveis”: banho, passeio em cima do elefante, etc.
- Confirme se ele está em listas confiáveis, como a da World Animal Protection
- Escolha lugares com foco em educação, não em entretenimento
Viajar com consciência é um ato de responsabilidade. Cada vez que você escolhe um santuário ético, ajuda a criar demanda por turismo mais humano e sustentável. Ao mesmo tempo, envia um recado claro para a indústria: os turistas não querem mais ver animais sofrendo por diversão.
Se você também sonha em conhecer os elefantes da Tailândia, faça isso do jeito certo. Informe-se, questione e escolha com o coração, e com informação.
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